terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sábado - Audax 400 - 24 e 25 - 08 - 13

Esse final de semana o pedal foi nervoso. Era o fds do Audax 400 em Florianópolis.
Depois de 2 finais de semana com chuva sem treinar tive que ir para mais uma etapa do calendário e objetivo anual. Mesmo sem poderem participar, meus amigos estavam me apoiando de alguma forma e isso é combustível para ajudar a enfrentar as minhas metas.

O trajeto foi sair da ilha, seguir até Araquari, voltar para ilha e dar mais um "rolê" na ilha.
Sai de Joinva sábado pela manhã para buscar o kit e receber algumas orientações no congresso que antecipa a largada.




Apesar de muitas informações serem conhecidas é sempre bom participar para evitar imprevistos.
O congresso terminou um pouco além do esperado, próximo as 14h da tarde e logo as 15h já seria a largada e nesse meio tempo ainda tinha que almoçar, me preparar e terminar de preparar a bike.

Almoçamos próximo a largada, me troquei no carro e comecei a montar a bike e fazer meu check list para verificar se estava levando o necessário e mais um pouco para emergência.

Faltando 15 min para a largada fui fazer meu check list com a organização e fiquei no aguardo com minha principal apoiadora, patrocinadora, incentivadora, enfim, faltam palavras para descrever essa pessoa tão especial.







Fizemos a largada oficial na ciclovia da beira mar, 15 h estavam todos os ciclista em busca de suas superações pessoais para encarar mais um desafio.




Comecei andando com Jorge e mais alguns de seus amigos de speed, pra variar sempre no ritmo de speed, apesar da idade ser 67 anos o cara pedala como se tivesse 18, mas no vácuo ainda da de encarar.





Consegui acompanhar os caras até Biguaçu onde pra começar bem a prova já estava furando meu primeiro pneu, com 30 km. Encostei fora da pista pra troca e verifiquei que foi um pedaço de vidro que fez um estrago no pneu, pois além do furo na camera, também provocou um rasgo no pneu e um pequeno corte no meu dedo enquanto eu procurava o que tinha furado. Como todo Audax, neste não foi diferente, pra ganhar tempo não fiz registros dos furos, pois não podia me atrasar muito para chegar aos PC´s


.



Pneu cheio, voltei pra estrada e comecei meu pedal de recuperação. Consegui imprimir meu ritmo de 32 km/h sem forçar, pois tinha que dosar muito bem as energias para o restante da prova.
Passei por muitos ciclistas, mas um determinado momento um deles me fez uma pergunta que acabou desencadeando uma parceria por um bom tempo. Era o Fábio Eduardo de Passo Fundo, um cara muito "gente boa", onde ao invés de irmos um cada vez na frente puxando, iamos um ao lado do outro para bater papo e contar histórias. Assim o tempo e os kilometros passavam e nem percebiamos, mas sempre conseguindo manter a velocidade dentro do limite de 30 km/h para não relaxar muito e nem forçar.






Durante o caminha já nos acertamos de programar o primeira parada no PC1 em Itajaí, tempo de parada e saída.
Por falar em PC1, o que foi esse PC? Depois do sucesso que fez no Audax 300 a turma da tribo das bikes se superou, preparou novamente toda estrutura do 300 e um pouco mais. Óbvio que o tradicional risoto estava lá, muito gostoso e nutritivo, frutas, água, tinha gente pra encher caramanhola, limpar óculos, limpar bico das garrafas, fisioterapeutas para ajudar os ciclistas com alongamentos, loja e oficina aberta a quem precisasse de algum reparo ou peça e equipamento de emergência, enfim, um abuso de simpatia e companheirismo. Agora entendo porque durante as pedaladas semanais dessa galera geralmente aparecem um grande numero de participantes (em torno de 80 -90).







Saímos do PC1 ainda com muita chuva em direção ao posto Sinuelo em Araquari, PC2.
A noite no trecho da BR em Itajaí é muito ruim pra pedalar, todo cuidado é pouco, baixamos um pouco a velocidade e fomos atento as armadilhas do acostamento. Conseguimos atravessar sem problemas, porém um pouco depois do acesso a Navegantes o pneu do Fábio furou. Rapidamente fizemos a parada e o pit stop para troca e percebemos que o pneu, apesar de ter apresentado um rasgo, não era nada, mas sim a lanterna dele que estava com problemas, não funcionava. Trocou as pilhas para ter certeza do problema e nada, havia um mal contato que não dava para manter o farol acesso, mesmo assim como todo guerreiro audaxioso não desanimou e voltou pra pista. 


Veio de carona no meu farol e um pouco com outro que ele tinha até o acesso de Penha onde na passagem pela ponte da divisa com Piçarras percebi que o mesmo não estava mais por ali, voltei um pedaço, pedi para outros amigos ciclistas se o haviam visto mas nada dele. Resolvi tocar ao PC2 e aguardar para sua chegada, torcendo para que estava tudo bem.

Pedalando sozinho novamente mirava as luzes e coletes refletivos a minha frente para ganhar inspiração e recuperar o tempo parado. Ao passar por Barra Velha estava confiante em chegar no horário combinado com minha equipe de apoio, 21:30, porém na reta final, no viaduto do Itapocu mais um pneu furado para alegria deste ciclista, tentei só calibrar o pneu pra chegar ao posto, mas não deu, tive que fazer a troca e seguir, com isso meu horário combinado atrasou e minha equipe ficou preocupada.

Ao chegar no posto Sinuelo, foi uma festa. Fiz as obrigações de carimbar o passaporte e fui cumprimentar meus grandes apoiadores e amigos que fizeram um esforço de sair de seus lares, tarde da noite de sábado pra me dar uma força, e que força.

Faltaram as 2 meninas do Maneca que estavam aprontando pelo Sinuelo.. rssss
Do jeito que cheguei, encostei a bike e rapidamente o Maneca e o "Pelinha" (Edson) foram se prontificando em verificar se eu precisava de algo, se tinham qualquer coisa que eles pudessem fazer para ajudar. Foi muito bom ter a presença desses grandes amigos para receber a energia positiva que eles queriam passar, a alegria deles em me ver fazer uma prova tão louca e ao mesmo tempo tão gostosa, isso é Audax, esses momentos que valem a pena cada km sofrido de superação de seus limites.
Pedi a ajuda deles para remendar minha cameras furadas e fazer uma vistoria do meu pneu. Pra resumir um pouco a história eles montaram 3 ou 4 vezes o pneu, foi camera que furou ao encher, remendo no pneu, mais remendo no pneu, etc. Enquanto isso eu fui colocar o GPS para carregar para não perder um km se quer do percurso.



Nesse meio tempo acabei aproveitando para ir na lanchonete e tomar um café quentinho e comer um lanche que minha maior incentivadora havia preparado para mim. Durante o cafézinho uma parada para um "dedo de prosa" com o Dalton de Joinville (fera no pedal).


Feito o lanchinho voltei pra ver o que os melhores amigos de Audax estavam aprontando. Verifiquei que até o Jânio (ciclista experiente e organizador do Audax) estava dando umas dicas para os caras sobre remendos (praticamente um intensivo.. rssss). Nessa onda de arruma daqui e conserta dali até a Taiana (esposa do Pelinha) ajudou nos reparos, se não fosse os olhares atento dela no local certo onde fazer os remendo meus 2 ajudantes teriam colocado remendo em lugar errado.. rsss.
Enquanto eu me achava azarado por ter furado 2 pneus até o Sinuelo ouvimos histórias de ciclistas que haviam furado 8, outros 5, outros 3, então eu não estava tão mal assim. Um deles o Manoel até ajudou entregando remendos, pois o cara não tinha mais opção de pedalar se não fosse com remendo de alguém ou com camera nova. De troca o cara também me ajudou me dando um pedaço de fita anti furo para eu colocar no pneu rasgado.



Antes de sair encontrei o amigo de Fábio de Passo Fundo chegando com mais alguns de seus amigos que também estavam participando. Ele explicou que ficou para trás porque o pneu dele rasgou e não tinha mais jeito, então ficou esperando esses outros amigos para pegar um pneu emprestado.
Estava tudo muito bom, mas eu tinha que voltar para estrada, fiquei aproximadamente 2 h no Sinuelo. O Maneca já estava preocupado que eu tinha perdido muito tempo com a parada. Me despedi deles e parti, pois ainda faltava mais da metade da prova.

Segui até Barra Velha bem animado e curtindo um pouco do caminho que conheço bem.



Um pouco antes do acesso a Br 470 senti meu pneu descalibrar. Já resolvi parar e encher pra tentar ir até o posto Santa Rosa que seria um local segura para troca, se necessário. Andava 2 km e precisa calibrar, não tinha jeito, seria obrigado a fazer uma parada forçada em Itajaí. Pro meu azar o posto Santa Rosa estava fechado, porém como havia um local bem iluminado resolvi fazer a parada por ali mesmo. Nesta hora entrou o psicológico, pois não me importei em perder mais tempo com pneu furado, em horário nem nada, só queria resolver o meu problema e pronto.
Fiz troca da camera, acabei por sinal usando uma camera que a equipe de apoio remendou, mas não ficou boa, tive que fazer novamente a troca. Aproveitei para remendar o furo da minha camera e fazer um lanche, pois com essa parada forçada não pretendia parar novamente.

Legal que meus amigos no Sinuelo em momento algum falaram que eu precisava lavar o rosto!
Voltei pra pista e nessa hora o sono começo a bater. Tinha rodado uns 200 km, eram por volta de 3 h da manhã, o ritmo caiu muito dai pra frente.
A parada que eu pretendia evitar no SOS da Auto Pista (patrocinador dos ciclistas como diz o amigo Marcelo Rodrigo) fui forçado a fazer por prudencia e segurança, pois o sono era grande. Fiquei uns 15 minutos sentado tentando dar uma cochilada, nem tenho certeza se dormi ou não. Levantei, tomei 2 café bem forte, carreguei as caramanholas e fui pra estrada, porém agora sim, estava com energia total.
Parti para o pedal da recuperação.

Logo em Governador Celso Ramos o dia começou clarear, por sorte já não estava mais com tanta chuva.



Passei pela entrada de Floripa e só contava os poucos Km´s que faltavam para o PC3. Ao faltar 2km para o PC, mais um pneu furado. Nesta vez nem tentei calibrar pra tentar chegar, com muita calma fiz a troca e cheguei ao PC. 
Não me lembrava que neste PC encontraria o pessoal que estaria participando do desafio 150 km, fiquei animado pois como esse pessoal estaria com toda energia talvez rolasse alguma parceria. Logo percebi que não tinha muita opção e segui sozinho mesmo. Como estava bem disposto não perdi muito tempo, me alimentei, hidratei e voltei para estrada.


Segui pela beira mar de São José em direção a ponte de acesso a ilha e fui curtindo a paisagem que mesmo coberta pelo cinza do nublado ainda havia sua beleza e seus encantos.




Já na ilha segui no ritmo que dava, não tinha mais condição de imprimir um ritmo forte, mas o que fiquei mais preocupado é que não passava por nenhum ciclista e nenhum me passava, fiquei preocupado que pudesse estar fazendo a rota errada, mas como o trajeto não mudou continuei a tocada até o PC4 na praia de armação.
Um pouco antes do PC, ainda no Morro das Pedra passaram alguns ciclista já retornando e me alertando sobre o pc que era logo a frente. Isso já me serviu de apoio para chegar logo e alcança-los para tentar recuperar meu tempo, pois tinha minha meta pessoal de tempo para prova.




Sai em direção ao meu objetivo e com bastante disposição, pois avaliando os dados do GPS consegui aumentar e manter minha média no trecho da ilha.
Antes de chegar a lagoa consegui passar meus referencias, mas mesmo assim aproveitei a boa performance e mantive assim. Até resolvi fazer uma parada nas dunas na lateral da rua de acesso ao mirante.









Logo a frente antes da subida do mirante encontrei mais um grupo de biker, muito animado. Subimos juntos até o mirante, onde me convidaram pra tomar uma água de coco, porém resolvi continuar, pois estava preocupado que pudesse parar e perder o ritmo.
Durante a descido do mirante fiz algo que não costumo fazer, aliviei a velocidade pois percebi que havia algo de estranho no pneu traseiro, suspeitei de pneu furado, mas não descalibrou, então preservei minha segurança e toquei até onde o equipamento me levasse, essas alturas do campeonato quanto menos mexer melhor.

Agora só faltava atravessar o imenso trecho de retas e curvas do rio vermelho até chegar ao PC5 no Ingleses, porém esse trecho até que não foi tão cansativo como das outras vezes, talvez porque esta vez estava desarmado de chegar em um bom tempo ou algo do tipo, estava somente curtindo pedalar.

Logo cheguei no PC5 e nem tinha em mente comer mais nada, só queria continuar no ritmo que estava para chegar logo, porém a alegria e simpatia da dupla dessse PC me fez mudar de idéia e acabei comendo algumas frutas e trocando algumas palavras.


Satisfeito e animado por só faltar mais 25 km sai do PC, mas logo a tristeza, pois tinha a subida da morreba pra chegar até a SC 401 e depois os morros do João Paulo. Antes das subidas do João Paulo fiquei pensando se faço ou não o 600. Era como se eu ainda tivesse que ir até Itajaí e voltar, coisa pra caramba ainda, mas enfim, ainda tenho que pensar mais sobre o assunto.

Sai do João Paulo e sabia que terminaria muito bem essa prova.
Atravessando as passarelas resolvi parar e fazer mais uma foto que ainda não tinha feito em nenhum outro Audax.



Logo na chegada quando avistei o carro da minha "Cabela" (esposa) já cheguei apitando e fazendo festa. Além de ser recebido pela pessoa que amo, o pessoal do organização também saldava os ciclistas com palmas e assovios. Realmente um emoção muito grande e uma satisfação pessoal melhor ainda. Em poucos segundos passaram-se todos os momentos vividos nesta prova, todas dificuldades, todas as alegrias para então chegar ao final.









* * * * PERFECT DAY * * * * 
Mesmo com tantos imprevistos consegui terminar a prova próximo ao tempo programado de 21 h, acabei fechando em 22h, porém com todas as dificuldades que tive, fique contente com o tempo e mais feliz de saber que era o primeiro MTB a chegar e acho que 12° na geral, mas para Randonneur isso não tem importância.



 Não querendo "rasgar seda", quero deixar meus agradecimentos a muitas pessoas especiais que foram fundamentais para me dar força de fazer e concluir esta prova:
- Cabelinha, minha esposa, sempre preocupada, me incentivando e apoiando em tudo.
- Manoel parceiro de trabalho, parceiro de trips loucas, trips normais e além de tudo amigo sempre presente para nos proporcionar toda sua ajuda e apoio necessária.
- Pelinha (Edson) futuro parceiro de trips loucas, por enquanto só parceiro para trips normais, mas esse cara tem sido um amigão também, fiquei muito feliz em vê-lo no Sinuelo me esperando e me dando o apoio necessário.
- Taiana (esposa do Pelinha), não pedala, mas estava junto com o Pelinha atenta aos detalhes necessários para os serviços e mesmo com o frio que passava conseguia com sua alegria me dar forças para eu continuar a prova.
- Fábio Eduardo, grande parceiro que conheci durante a prova e andamos boa parte juntos onde um dava apoio ao outro para poder encarar da forma mais animada possível.
- Fernando e Nicolas (pedal na trilha), deixaram a bike pronta e a tempo para eu participar desse grande evento.
- Daniel (cavalo doido), me emprestou a bateria de seu farol que foi muito útil, foram 9 horas usando essa bateria que me conferiu boa visibilidade durante a noite fria e chuvosa.

Enfim a todos os amigos que me deram força, palavras de incentivo e até mesmo os que nos chamam de loucos, muito louco mesmo, mas louco e feliz por estar fazendo o que gosta.

Um grande abraço a todos.